agora estou naquele momento da descida. sabe aquele, quando o corpo projeta todo o seu peso para trás [já sabendo que o que está por vir será extasiante] e sobe o mais alto que pode? ah... dae eu respiro bem fundo, estico minhas pernas, relaxo os músculos todos que mantém meu pescoço e minha coluna comportados, e deixo ir. deixo a cabeça pender para trás, soltando os cabelos para irem pra onde bem entenderem. abro os olhos e vejo o céu, aparecendo também galhos das árvores velhas que dançam seu verde entre o gigante azul, compondo uma foto que eu busquei na memória agora. e então deixo o balanço me levar. o meu corpo corta o ar que ocupa os espacinhos na minha frente, e isso dá uma sensação boa, impressão de fazer parte da natureza também. estou descendo. indo. sendo levada por um ritmo que sei, em seguida, vai diminuir, ficar mais fraco, fraquinho, até parar. o importante é que enquanto meus pés tiverem forças pra me embalar contra o chão de areia e enquanto houver um céu azul, cá estarei eu. esperando pela descida do balanço emocionante. do balanço lento. da vida.
A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, é preciso transformar essa areia pontuda em uma esfera lisa que lhe tire as pontas. A pérola.
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ResponderExcluirescreva sempre Koch. cada vez melhor. cada vez mais bonito.
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